HIM encerra a carreira em terras finlandesas
Postado em 12 de fevereiro de 2018 @ 16:56 | 4.671 views


Quando a banda finlandesa HIM, anunciou a sua “farewell tour” no ano passado, era de fato a última chance para conferir os criadores do Love Metal!

Apesar do primeiro disco da banda ter sido lançado em 1997, o grupo estava junto desde 1991, o que já somava mais de um quarto de século. O anúncio que a banda iria acabar aconteceu em Março de 2017, e então iniciar uma turnê que passaria pela América do Norte, Europa e encerrar as atividades nos últimos shows em terras finlandesas, mais precisamente no festival Helldone, onde a banda costuma tocar pela sua terra natal durante os últimos dias do ano.

Diferente de 2014 e 2015, a banda não retornou para a América do Sul, deixando a situação dos seus fãs latino-americanos bem crítica, uma vez que todos gostariam de ouvir uma última vez os clássicos que consagraram o grupo criador do Love Metal.

Pensando nisso, e com a vontade que sempre tive de conhecer a Finlândia, resolvi que iria ver o HIM uma última vez. Aliado ao fato de que recebi os ingressos como cortesia, e também por ter muitos amigos espalhados pelo país e na própria banda. Além disso, a estadia e outros detalhes foram essenciais para a viagem ser agradável e extremamente memorável.

Um dos meus grandes amigos, e apoiador aqui do canal, Diego Macedo, embarcou nessa trip mais uma vez (já sobrevivemos juntos a todos os shows que aconteceram aqui).

Infelizmente tive alguns percalços, como não conseguir pousar em São Paulo no dia 25, e ter que refazer uma conexão com Paris, perdendo um dia da viagem e chegando literalmente horas antes do primeiro show começar. Aliás, as coisas iriam ficar um pouco pior, mas nada que impedisse meus olhos de ver a banda algumas últimas vezes.

 

Veja abaixo nossa cobertura do show em vídeo:

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HIM live at Jäähalli, Helsinki, Finland | 27.12.2017

O primeiro show aconteceu na Jäähalli ou Black Box Icehall Arena em uma região privilegiada da capital finlandesa, Helsinki. As duas bandas de aberturas soaram bem, sendo que a primeira, Jimsonweed abriu todos os cinco shows do Helldone pelo país, mas as coisa ficaram interessantes quando os “vampiros” do The 69 Eyes tomaram conta do palco com suas roupas de couro e letras carregadas de romantismo fúnebre.

HIM live at Jäähalli, 27.12.2017 | Photo: Tiia Nyholm

É interessante observar como a postura da plateia finlandesa é bem diferente comparado com a loucura latina, principalmente aqui no Brasil. A interação se resumia em algumas palmas sincronizadas, mas longe da histeria que estamos acostumados.

Quando Ville, Migé, Linde, Burton e Kosmo adentraram o palco, foi a vez de muitos fãs presentes realizarem o sonho de ver ou rever a banda pela última vez, visto que esse era o último grande show da banda em um arena, onde o acesso foi bem mais acessível que as outras datas finais. O lugar realmente era de uma grande qualidade, apesar de uma reverberação em virtude do tamanho do ginásio (que é usado para jogos de hockey no gelo). Dois grandes telões transmitiam o show simultaneamente com uma grande qualidade de imagem. Fiquei no lado direito da frente do palco, onde era possível ter uma visão ampla da plateia e é claro, do HIM.

O show apresentou nenhuma novidade, apenas as mesmas canções que foram tocadas durante a tour inteira, como “Join Me”, “The Sacrament”, “Bleed Well” e a dobradinha de sempre no bis com “Rebel Yell” e “When Love And Death Embrace”.

A banda exibia uma boa forma, tanto na qualidade musical, como nas jams em que Ville deixava o palco. Aliás, Ville aparentava estar feliz, assim como cada integrante do grupo.

HIM live at Jäähalli, 27.12.2017 | Photo: Danny Hyross

 

HIM live at Terminaali, Oulu, Finland | 28.12.2017

No outro dia viajamos cedo para o norte do país. O segundo show seria em uma cidade chamada Oulu, conhecida por ser o município em que a saudosa banda Sentenced realizou sua última apresentação. Na Finlândia, quando mais para o norte você for, mais neve e frio terá pela frente, literalmente. Com uma cidade coberta por neve, temperatura na casa de -10ºC e após 7 horas dentro de um trem, estávamos prontos para encarar o segundo show.

O local dessa vez seria em um local chamado Terminaali. A casa de show era espaçosa o suficiente para abrigar mais de mil pessoas. Mais uma vez a abertura teve a banda Jimsonweed, que aliás, conta com o baterista Pätkä, que assumiu as baquetas do HIM no primeiro disco de estúdio, Greatest Lovesong Vol. 666, e com o guitarrista do Kreator, Sami Yli-Sirniö.

HIM live at Terminaali, 28.12.2017 | Photo: Arto Kiuru

Novamente Ville liderou a banda em uma apresentação superior ao primeiro show na questão sonora, e visualmente mais agradável quando se fixava os olhos nos dois telões que estava posicionados em cada lado do palco. A qualidade era tanta que a impressão que tive era de olhar um blu-ray em 4k, mas meu foco era a banda 3D que se apresentava a poucos metros dos meus olhos mais uma vez.

O setlist teve apenas uma alteração. “Razorblade Kiss” deu o ar de sua graça, fazendo alguns gritos ecoarem pela casa, contradizendo o padrão europeu de assistir ao show.

 

HIM live at Rytmikorjaamo, Seinäjoki, Finland | 29.12.2017

Infelizmente no outro dia tive um susto e a pior dor da minha vida. Na viagem de Oulu para o terceiro show que aconteceu no Rytmikorjaamo em Seinäjoki, comecei a sentir fortes dores no lado direito do meu estômago, o que se mostrou ser uma pedra no rim após minha internação em um hospital local. Por se tratar de algo doloroso, tive que ficar internado e consequentemente perder o show que aconteceria naquela noite.

HIM live at Rytmikorjaamo, 28.12.2017 | Photo: Danny Hyross

Segundo vários amigos, foi o melhor show até então. Bom, acredito neles, mas eu realmente estava feliz por não ser necessário fazer uma cirurgia (pois suspeitávamos que era uma crise de apendicite). No outro dia recebi alta na parte da tarde e embarquei rumo ao quarto show na cidade de Tampere.

 

HIM live at Pakkahuone, Tampere, Finland | 30.12.2017

Tampere era o penúltimo show da carreira do HIM, e por ser uma cidade relativamente perto da capital, havia muitos rostos conhecidos de fãs que conseguiriam ir em algumas datas anteriores. A capacidade do Pakkahuone, era algo interessante, visto que além de possuir uma danceteria/bar nos fundos, estava facilmente lotada com quase mil fãs.

HIM live at Pakkahuone, 30.12.2017 | Photo: Riikka Vaahtera

De longe, um dos piores shows na questão luz. Aliás, Oulu também teve alguns momentos ruins com a luz, que explodia diante da plateia. Em alguns momentos muito escuro, e em outros emulando uma supernova.

O setlist voltou ao seu habitual repertório com as mesmas canções e encerramento, mas ainda assim, inesquecível.

HIM live at Pakkahuone, 27.12.2017 | Photo: Tomi Versahaju

 

HIM live at Tavastia, Helsinki, Finland | 31.12.2017

Eis que no dia 31 de Dezembro de 2017, a banda criada por Ville Valo, Migé Amour e Mikko Lindström iria fazer sua derradeira apresentação na lendária casa de show Tavastia, situada no centro de Helsinki.

Quando cheguei no Tavastia, já reconheci muitos amigos de diferentes países e etnias. Rússia, Noruega, México, Holanda, Inglaterra, etc… Era um encontro que somente através desse grupo foi possível. Esses são os momentos mágicos que uma banda pode proporcionar. Assistir um espetáculo ao lado de amigos que você fez ao redor do mundo, apenas por dividirem o mesmo gosto musical, e então desenvolver laços que cruzam o mundo.

HIM live at Tavastia, 31.12.2017 | Photo: Markus Laakso

Dentre todas as casas de shows até então, Tavastia é de longe a menor, com uma capacidade avaliada em 800 pessoas, sendo que um terço dos presentes no show eram convidados, o que tornava a chance de assistir ao HIM pela última vez, uma verdadeira epopeia. Os ingressos foram esgotados em minutos quando foram colocados para venda em agosto passado, e estar presente naquela noite era a redenção que muitos fãs gostariam de ter, e poucos tiveram.

O clima era agradável, principalmente por cada fã sentir que estava fazendo parte de um momento único e especial. Havia pessoas de todos os cantos do mundo, e com os mais diferentes motivos pelo qual conheceram a banda.

A tradição de ter o HIM cantando no show da virada do ano é antiga, e acontece desde quando a banda começou a ficar famosa, no final dos anos 90. De lá pra cá, poucas vezes a banda não fez esse tradicional encerramento e começo de ano ao mesmo tempo, e depois disso, dificilmente o fará novamente.

HIM live at Tavastia, 31.12.2017 | Photo: Markus Laakso

Pela última vez, Jimsonweed abriu o show, e foi uma das piores aberturas que poderiam ter escolhido. A plateia não recebeu bem o quarteto, e em alguns momentos foi possível ouvir um coro vaiando o grupo, que reagia com bom humor enquanto bebiam inúmeras cervejas em cima do palco.

Alguns minutos após o final do show do Jimsonweed, o relógio aproximava-se da meia-noite, o que anunciava o eventual começo da última apresentação da consagrada carreira do HIM, um dos maiores nomes de todos os tempos do rock/metal da Finlândia.

HIM live at Tavastia, 31.12.2017 | Photo: Markus Laakso

Quando o dono do Tavastia, Juhani Merimaa, se aproximou carregando uma garrafa de champagne, era o início do fim. Ele anunciou que estava triste de estar ali uma última vez para anunciar o show de despedida da atração principal da virada de ano, mas ainda segurando um sorriso no rosto, fez questão de saudar o ano novo em diferentes línguas, e uma última vez chamar a banda para o palco.

A partir do momento em que “Buried Alive By Love” começou a tocar, foram intensos momentos de lágrimas, gritos, suspiros e vozes cantando a mesma melodia a cada vez que Ville Valo atingia suas notas vocais. O show teve desde gente sem noção segurando um tablet na frente da cara do vocalista, até uma humorada frase em que Ville disse ter o direito de ser a “drama queen” naquela noite.

O setlist seguiu foi o mesmo de praticamente todas os últimos shows da banda, e apesar de ter um clima melancólico naquele ambiente, era comum olhar para os lados e ver sorrisos no meio das lágrimas.

Eu estava esperando alguma canção diferente, como “Passion’s Killing Floor” ou “Sleepwalking Past Hope”, que eu sabia que estava ensaiada e era possível de ser executada, mas após Ville abandonar o palco quando sua parte vocal está terminada em “When Love And Death Embrace”, e aos poucos a banda deixar seus instrumentos, senti que era o fim, que tudo tinha acabado.

As luzes foram acessas, e junto com elas nossa esperança de alongar um pouco mais aquele momento. Eram quase duas horas da madrugada quando oficialmente chegamos a conclusão que nossa banda favorita tinha acabado diante dos nosso olhos.

É uma sensação estranha. Grande parte do que eu sou e do que presenciei foi por causa da música, e boa parte por causa dessa banda que usava um heartagram como símbolo.

Nunca é fácil para o ser humano encarar o fim de algo, principalmente quando esse algo é parte da sua personalidade. Lembro que algumas horas após ter deixado a casa de show, começou a nevar, e logo um sutil lençol branco começou a cobrir a cidade. Nessa hora percebi a frase que Ville disse em uma entrevista muitos anos atrás:

“Você se sente mais inspirado no verão ou inverno?”

“Isso não importa! É sobre a estação do seu coração.”

Todas as pessoas que apareceram em nossas vidas, os momentos que vivemos, as alegrias, lágrimas e sensações, se conseguirmos sentir que tudo teve um sentido, então estaremos para sempre vivendo na estação predileta do nosso peito.

Obrigado por tudo, HIM! Descanse em Amor!

HIM live at Tavastia, 31.12.2017 | Photo: Diego Macedo

SETLIST | HIM live at Tavastia, Helsinki, Finland | 31 DE DEZEMBRO DE 2017

Intro

Buried Alive by Love

Heartache Every Moment

Your Sweet Six Six Six

The Kiss of Dawn

The Sacrament

Tears on Tape

Rip Out the Wings of a Butterfly

Gone With the Sin

Soul on Fire

Wicked Game

Killing Loneliness

Bleed Well

Poison Girl

Heartkiller

Join Me in Death

Stigmata Diaboli

In Joy and Sorrow

Right Here in My Arms

The Funeral of Hearts

BIS

Rebel Yell

When Love and Death Embrace

 

Aspirante a jornalista, além de ser designer e escritor. Trabalha como roteirista/apresentador no Heavy Talk e como administrador/editor no HIM Brasil. Grande pesquisador do metal nacional e principalmente do metal finlandês. Força Sempre!

 
Categoria: Artigos · News · Resenhas
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