Como são feitas as entrevistas do Heavy Talk?
Postado em 30 de outubro de 2016 @ 14:41 | 2.388 views


Nem sorte nem influência. O segredo é trabalhar muito, criar contatos e estar atento às oportunidades, principalmente nos dias de hoje onde a tecnologia deixa tudo extremamente rápido.

Esta semana estive conversando com uma colega de profissão, a Isabele Miranda do Maximus Music Channel, porque ela precisava de uma ajuda com o canal que está criando. Em algum momento da conversa, ela agradeceu o apoio mesmo que nós fossemos “concorrentes”. Porém, se tratando de conteúdo de qualidade e disponibilizado gratuitamente, o fã de rock e heavy metal vai ser espectador de tudo o que for bom, sem precisar optar por A ou B.

Pensando nisso, dei uma olhada em alguns canais que também produzem vídeos na intenção de apoiar a cena. Muitos deles, inclusive, inscritos no nosso canal, como Heavy Metal Online, Baú do Rock, Canal Palhetada, Heavy Nation, Over Metal e Mundo Metal.

Olhando estes e outros canais, vi que tem muita gente interessada em produzir conteúdo desse tipo. Sem contar todos aqueles que tem vontade de começar. Nosso canal possui uma frequência bastante grande de entrevistas e sempre que lançamos alguma é muito comum ouvirmos as seguintes frases:

Nossa, vocês tem muita sorte!
Mas como vocês conseguiram falar com eles?
Mas você tem muitos contatos para conseguir essas coisas!

Não é sorte, não é milagre e nós não somos filhos do Silvio Santos.

Existem algumas coisas que fizeram a diferença para que o Heavy Talk se tornasse um dos principais canais independentes de entrevistas de rock e heavy metal do Brasil. Como queremos que esse tipo de conteúdo continue crescendo através de outros veículos (e não apenas através de nós, pois não cremos nessa concorrência), decidimos criar esta publicação dando algumas dicas de como nossas entrevistas são feitas, na finalidade de auxiliar outras pessoas interessadas a criar conteúdo.

1. O óbvio: contato com a banda.

Alguns pontos aqui eu demonstrarei com diálogos que já tive diversas vezes. Como este, por exemplo:

Cara, como você conseguiu entrevistar o Sepultura?
Bom, eu mandei um e-mail pra eles.
Mas como você conseguiu o e-mail deles?
No site deles.

Simples assim. O primeiro caminho sempre é o mais fácil. Procurar os contatos oficiais da banda. Caso não seja uma informação pública, tentar pelo site do selo, gravadora, assessoria, etc. Poucas pessoas conseguem porque poucas pensam com simplicidade. Não precisa ser primo do Andreas Kisser. Basta saber onde procurar.

 

 

2. Acesso aos músicos.

Outro meio interessante é tendo acesso direto aos músicos. Nunca fui de perseguir banda em aeroporto e hotel, mas já tive oportunidade de encontrar os músicos que eu queria entrevistar e solicitar a entrevista pessoalmente. Por que?

Entendam que o assédio a determinadas banda é muito grande. Por isso, a banda deixa a cargo do produtor ou manager algumas questões (como dispensar oportunidades). O produtor ou manager sempre acaba sendo visto como o vilão. Ossos do ofício. A verdade é que a banda não gosta de decepcionar as pessoas e também não consegue atender todo mundo. Por isso cabe ao manager aprovar ou recursar alguns pedidos, sem que isso seja responsabilidade do artista.

Entretanto, se você conseguir acesso direto ao artista, talvez tenha êxito em conseguir uma entrevista que o produtor tenha negado. Foi assim que entrevistamos o Blind Guardian. Por duas vindas da banda ao Brasil, eles não puderam atender nosso pedido. Na terceira, tive acesso o vocalista Hansi Kürsch, que concordou. Aliás, esse exemplo também serve para o próximo tópico…

3. Saiba aproveitar as oportunidades.

Claro que 90% é trabalho. Mas existe também os 10% de sorte. Quando a sorte aparece, é preciso saber aproveitar a oportunidade.

Em 2012 eu viajei do Rio Grande do Sul para São Paulo para assistir ao show do Blind Guardian. Dois dias antes do show, fui sorteado pelo twitter (juntamente com mais 19 pessoas) para um Meet & Greet com a banda no camarim antes da apresentação. Fui informado que o sorteio era válido apenas para quem tivesse ingresso de pista premium, e o meu era comum. Paguei a diferença e troquei de ingresso para me adequar à promoção. Ao entrar no camarim, fui direto até o Hansi, falei do meu canal, que queria entrevistar ele, que havia viajado mais de mil quilômetros, e que poderia ser no dia seguinte no hotel. Prontamente ele me passou o endereço do hotel e o horário que eu deveria chegar. O resultado você vê abaixo:

 

 

4. Tenha muita paciência.

Se você quer muito uma entrevista, esteja preparado para esperar o tempo que for. Hoje em dia, maioria das entrevistas que realizamos são feitas antes do show (o que é muito mais confortável para nós). Mas nem sempre será assim.

Houve algo desse tipo na primeira vez que entrevistamos o Rosa de Saron. A banda é super simpática e muito humilde. Porém, um erro de informações fez com que tivéssemos que aguardar 13 horas para que a entrevista fosse realizada (era pra ser ao meio dia, acabou sendo 1h da manhã, após o show). Anos depois, sobre produção da Abstratti, a banda nos atendeu rapidamente e a segunda entrevista foi bem mais fácil.

 

 

5. Network – crie contatos o tempo todo!

Quanto mais amigos você tiver no meio, melhor. Não estou falando que você deve ser falso. Pelo contrário, seja verdadeiro o tempo todo, mas seja educado e entenda o trabalho das outras pessoas. A dica mais importante que eu posso dar para você é a seguinte: você não é a pessoa mais importante do local (falarei sobre isso no próximo tópico). Então seja compreensivo e agradável que isso lhe garantirá grandes amizades, que não existirão apenas por interesse de conseguir trabalho.

Faça isso e você conseguirá trabalhar com o apoio de produtores, fotógrafos, músicos e dos próprios fãs dos artistas que você quer entrevistar. Eles verão valor em você e na sua intenção, e vão ajudar com tudo aquilo que for possível. Mais do que isso, existem grandes chances daquele seu grande ídolo de muito tempo se tornar um contato no seu whatsapp. Foi dessa forma que Mark Jansen, do Epica, escreveu uma publicação exclusiva para o nosso site.

Aliás, é importante ter também o apoio de colegas de atividade. Lembre-se, eles não são seus concorrentes! Vocês batalham pela mesma coisa. Como já citei no início do texto, diversos produtores de conteúdo tornaram-se, também, consumidores do nosso conteúdo, pois são inscritos no nosso canal. Mais do que isso, pode existir trabalhos em co-autoria ou troca de convites. Foi assim que eu concedi uma entrevista ao canal Matéria Prima.

Ter contatos não é algo que acontece porque você nasceu na família de algum famoso. É algo que você constrói com o tempo, trabalhando e sendo honesto. Aliás, esse é um dos motivos de conseguirmos tantas entrevistas com Andre Matos, um dos maiores vocalistas de metal do Brasil e do mundo. Conforme percebia a seriedade e crescimento do nosso trabalho, o Andre passou a ser um amigo do nosso canal e nunca nos negou uma entrevista (pelo menos até hoje). Chegou até a topar participar de uma promoção onde um sorteado iria entrevista-lo. O resultado ficou bem bacana, como você pode ver no vídeo abaixo.

 

 

6. O seu trabalho não é mais importante do que o dos outros.

Realizar um evento dá muito trabalho! As pessoas não vão deixar você fazer sua parte primeiro só porque “é rapidinho“. Montagem de palco, viagem de avião, diária em hotel, transfer do aeroporto para o hotel, do hotel para o local do show, do local do show para o hotel, horário para jantar, soundcheck, iluminação, segurança, DJ, credenciamento de imprensa, banda de abertura e uma grande preocupação em administrar as finanças de tudo isso. Existem mil coisas acontecendo ao mesmo tempo e todo minuto vale ouro.

Então se você quer muito aquela entrevista, faça os contatos que tiver que fazer, use todos os recursos possível, mas tenha paciência e não atrapalhe!

7. Não pense só nos acessos… Apoie a boa música!

Qual é a sua intenção? Ajudar o cenário ou ficar famoso? Se você vê qualidade em uma banda, dê espaço para ela! Mesmo que seu canal seja pequeno, mesmo que a banda não tenha uma grande página que vai render milhares de acessos ao seu conteúdo. Não pense apenas em você. Talvez uma entrevista não vá trazer mais do que 20 visitas, mas aquele conteúdo pode ser útil para a banda. Talvez eles usem o seu material para mostrar para contratantes, sites especializados e afins. Releia o tópico 5 e entenda que pessoas egoístas não terão futuro nesse meio.

Um exemplo disso que eu falo é a banda Rebel Machine. Eles recém lançaram o primeiro disco. Por mais que a crítica esteja elogiando muito o trabalho, eles ainda estão começando a criar público. Sabemos que, por esse motivo, não ganharíamos milhões de acessos. Mas a banda é boa, e nós temos um canal com certa visibilidade. Quem sabe devemos pensar em oferecer algo ao invés de só exigir? Foi por isso que resenhamos o CD deles aqui e também realizados uma entrevista super divertida, que você pode ver abaixo:

 

 

Bônus: Equipamento.

Caso o seu objetivo também seja realizar as entrevistas em vídeo, vou aproveitar para dar algumas dicas sobre o equipamento a ser utilizado. Antigamente, seria algo financeiramente custoso fazer um vídeo com qualidade. Hoje isso é muito mais democrático. Existem apenas 3 coisas para se preocupar: som, luz e imagem.

Luz: use um equipamento de iluminação ou então realize a entrevista em um lugar bem iluminado. A pessoa que operar a câmera precisa estar atenda a qualquer sombra que possa estar atrapalhando.

Imagem: HD. Utilize algo que grave em HD. Eu e o John do Heavy Talk usamos uma filmadora handycam da Sony. A Aline, a Cerise e o Flávio do Mundo Metal usam uma câmera fotográfica. Pode ser feito até mesmo com um celular. O importante é que tenha capacidade de filmar em HD, algo comum em muitos dispositivos atualmente.

Som: Eu tenho o som como a parte mais importante. O grande Gastão Moreira, do mega canal Kazagastão, tem conteúdo e equipamento de primeira. Mas em uma entrevista com o vocalista Edu Falaschi, o som falhou a partir de determinado momento da entrevista. E aí é possível ver a importância do som! É imprescindível que a fala do entrevistado fique claríssima.

Antigamente também era problema ter boa qualidade de som com baixo investimento. Durante muito tempo, utilizamos um microfone que era ligado diretamente na câmera. Isso limitava nossa mobilidade na hora de entrevistar e reduzia a quantidade de câmeras que poderíamos usar (pois precisaria ser uma câmera com entrada para microfone).

Hoje, gravamos o áudio no celular e, na edição, unimos o áudio ao vídeo. Prático, simples e a qualidade fica excelente. Dica: não esqueça de colocar o celular em modo avião antes de começar a gravação. Alguns celulares interrompem e excluem a gravação se ela for interrompida por uma chamada. Veja nossa entrevista com Edu Falaschi, onde o áudio foi capturado com o celular:

 

 

Você tem um canal que ajuda, de alguma forma, o cenário do rock ou heavy metal no Brasil? Cole o link aqui nos comentários ou nos mande no e-mail contato@heavytalk.com.br, pois queremos criar algumas publicações promovendo este tipo de material.

Web Editor/Journalist / SEO / Web Analyst at Koetz Advocacia and Produtor de Conteúdo at Heavy Talk Past: Cipex Idiomas Tramandaí and Jornal Dimensão Studied Journalism at Unisinos

 
Categoria: Artigos · News
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