O cantor Phil Anselmo teve sua carreira impulsionada na transição dos anos 90 para os anos 2000 na banda Pantera. O quarteto surgiu em um momento onde a música pesada seguia um certo padrão e estava carente de novidades. Souberam ocupar muito bem esse espaço e, assim, arrecadaram milhões de fãs.
Particularmente, sempre vi no Pantera uma banda com excelentes músicos, mas que produzia um som mediano com algumas poucas músicas muito boas em dois discos específicos (Cowboys From Hell e Vulgar Display Of Power). Maioria discorda de mim, mas aí é questão de opinião.
Assim como é questão de opinião a interpretação de uma brincadeira nada bem sucedida de Phil em 2016. No encerramento de uma apresentação, o vocalista ergueu o braço simulando uma saudação nazista e gritou “White Power” no microfone. A justificativa dada pelo cantor até hoje divide seu público. Teria afirmado que estava bêbado após beber vinho branco, e a referência teria sido uma brincadeira relacionada à bebida. Apesar de justificar a brincadeira em nota oficial, encerrou dizendo que não pediria desculpas. Ora, independente da intenção, é óbvio que a piada foi de péssimo gosto e que uma retratação era devida.
Enfim. Eu faço parte da parcela que não engoliu isso muito bem. Como não trabalho com verdades absolutas, sempre penso na possibilidade de estar errado. E talvez esteja.
A primeira oportunidade de ver o músico ao vivo que tive foi em 2011 com o Down, cuja abertura ficou à cargo da banda Loaded, de Duff McKagan (Guns N’ Roses). Dois shows que só empolgaram quem era muito fã de algum dos dois músicos.
Dessa vez a experiência foi diferente. Em apresentação dia 29 de janeiro de 2019 no Bar Opinião, em Porto Alegre, e sob excelente comando da Abstratti Produtora, fui obrigado a engolir meu ranço. Veja abaixo nossa cobertura em vídeo:
O primeiro ponto é que Phil não tem vergonha de viver de seu passado. Apesar dos diversos projetos que já desenvolveu, é óbvio que nenhum repetiu o sucesso ou agradou tanto os fãs quanto o Pantera. Dessa forma, assume isso com muita honestidade e monta seu setlist com pouquíssimas amostras do seu presente. Das 14 canções apresentadas, cinco são composições com o The Illegals e as nove restantes são clássicos do Pantera.
O segundo ponto é que, independente do passado, é um músico muito carismático. Apesar de sua carranca e da fama de brutamontes headbanger, a simpatia não se apaga e os agradecimentos pela energia do público são constantes. Apesar do show curto, com pouco mais de uma hora, era frequente conversar com a plateia entre uma música e outra.
O terceiro ponto é seu desempenho vocal. A carreira com o The Illegals é muito mais puxada para o thrash e apresenta vocais extremos. Em alguns vídeos recentes (e injustos) que pesquisei, vi um Phil sofrido dando o máximo de sua energia para garantir um desempenho morno. Não sei se foi sorte ou não se deve confiar em qualquer vídeo, mas o público gaúcho foi surpreendido por um vocalista do Pantera, com toda a potência que tal título exige.
Em um show que fui pronto para criticar tanto a personalidade do músico quanto a qualidade da apresentação, acabei desarmado em ambos por uma casa lotada que coroou merecidamente mais uma noite dos trinta anos de carreira da eterna voz do Pantera.
Setlist | Philip H. Anselmo & The Illegals | 29.01.2019 | Porto Alegre/RS
Bedridden
Little Fucking Heroes
Choosing Mental Illness
The Ignorant Point
Walk Through Exits Only
Mouth for War
Becoming
This Love
Fucking Hostile
Hellbound
Domination / Hollow
Walk
I’m Broken
A New Level
Tags: Dimebag Darrel • Down • Pantera • Phil Anselmo • Philip H. Anselmo & The Illegals • Vinnie Paul
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