Lacuna Coil: Cristina Scabbia e Andrea Ferro falam sobre distúrbios mentais, músicas favoritas, e fazem show arrasador no Rio de Janeiro.
Postado em 14 de março de 2017 @ 17:20 | 7.069 views


Foto no camarim do Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro, com o Lacuna Coil. Da esquerda para a direita: Cristina Scabbia, Lucas Steinmetz (do Heavy Talk) e Andrea Ferro.A banda italiana Lacuna Coil passou pela América Latina e marcou presença em quatro cidades brasileiras. Antes da excelente apresentação no Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 10 de março de 2017 no Teatro Odisseia, os vocalistas Cristina Scabbia e Andrea Ferro receberam o Heavy Talk no camarim. Na entrevista, os integrantes falaram sobre o conceito do álbum Delirium, relacionamento com os fãs e, até mesmo, futebol.

Lacuna Coil no Rio de Janeiro

Produzido pela Liberation e com assessoria da The Ultimate Music, o Teatro Odisséia praticamente lotou para receber o quinteto em sua 5ª visita ao país. Com inicio marcado para as 21h, a apresentação durou, aproximadamente, 80 minutos.

O Lacuna Coil já possui mais de duas décadas de existência e alcança agora seu oitavo disco de estúdio, chamado Delirium. No show, um set list bastante distribuído pelas diferentes fases da banda, apresentando uma série de sucessos colecionados ao longo dos CDs.

A coisa mais notável, entretanto, é o cuidado de transparecer o conceito do disco para o palco. Independente do tamanho do local – o Teatro Odisseia comporta 700 pessoas – é possível transformar o palco em um cenário imaginário construído a partir de diversos elementos. O disco Delirium aborda questões como saúde e distúrbios mentais, e o grupo trás isso para o palco com roupas inspiradas em camisas de força, backdrop temático, maquiagem e muita atitude.

O sucesso do evento também foi marcado pela presença dos fãs, que nos surpreenderam e provaram que o Lacuna Coil ainda tem um mercado riquíssimo no Brasil (para a sorte dos fãs). E eles sabem disso muito bem! Em entrevista para o nosso canal (você verá mais abaixo), a vocalista Cristina Scabbia fala sobre a importância dos fãs e reconhece que o Lacuna Coil não seria nada sem eles. E isso pode ser claramente notado também durante o show. A interação com o público é constante e sorridente da primeira até a última canção.

Setlist do Lacuna Coil no Rio de JaneiroUltima Ratio, Spellbound, Die & Rise, Kill the Light, Blood Tears Dust, Victims, Ghost in the Mist, My Demons, Trip the Darkness, Senzafine, Swamped, Downfall, Our Truth, Enjoy the Silence (Depeche Mode cover), Nothing Stands in Our Way, Delirium, Heaven’s a Lie, The House of Shame

 

Entrevista com Cristina Scabbia e Andrea Ferro

Antes do show, tivemos a oportunidade de conversar com Andrea Ferro e Cristina Scabbia nos camarins. Assista abaixo nossa viagem até o Rio de Janeiro, alguns trechos do show e a conversa com os músicos. A entrevista inicia aos 2:32.

 

 

Heavy Talk: Como vocês estão em mais uma visita ao Brasil?

Cristina Scabbia: Nós estamos ótimos!

Andrea Ferro: É a nossa quinta vez no Brasil, então é ótimo estar de volta!

Heavy Talk: Primeiro de tudo eu preciso falar que essa semana nós comemoramos a luta das mulheres por igualdade. Então, parabéns Cristina por toda a luta.

Cristina Scabbia: Obrigada!

Heavy Talk: O último CD do Lacuna Coil é o “Delirium”. E ele fala muito sobre saúde mental, distúrbios mentais. Me lembra bastante a segunda temporada de American Horror Story, The Asylum. E eu queria saber de vocês se há filmes, séries ou livros que inspiraram as músicas desse álbum?

Cristina Scabbia: Bem, eu acho que esse álbum foi influenciado principalmente pela realidade, pela vida de verdade. Porque nós todos passamos por períodos e lugares que foram fortemente inspiradores para essa gravação. Ao mesmo tempo, somos muito inspirados por trilhas sonoras, filmes, então… É inspirado pela vida real porque, infelizmente, nós sabemos muito sobre problemas mentais. Não é apenas um problema médico, mas pode também incluir muitos diferentes aspectos da insanidade e das coisas insanas que fazemos todos os dias… Bom, nós queremos falar sobre a condição médica, claro, mas também das coisas loucas que fazemos todos os dias, da loucura que está acontecendo no mundo hoje em dia. Então é muito variado. E a inspiração veio dessa ideia, de um sanatório com salas diferentes onde todos os pacientes nos contam uma história diferente e nós transformamos em letras e música. Mas nós fomos fortemente inspirados pela vida real.

Heavy Talk: Andrea, gostaria de acrescentar algo?

Andrea Ferro: Sim, quer dizer, obviamente… Uma vez que nós encontramos a palavra “Delirium” se abriu uma visão de coisas que nós iremos vestir no palco, do pano de fundo, as ideias para os vídeos. Então isso realmente abriu uma conexão entre nossas experiências pessoais e aquilo que representaremos. E também a ideia de construir um lugar para o disco. Como se o Sanatório Lacuna Coil fosse um lugar para as pessoas irem quando escutam as músicas em diferentes salas, em diferentes casos. E é legal que as pessoas definem o lugar do disco como um local onde conseguem encontrar algo positivo para elas. Algo para se sentir compreendido, ou se identificar com a mesma situação que outra pessoa. Essa é a mágica que o conceito criou.

Heavy Talk: O marketing nas mídias sociais para esse disco foi realmente muito bom. Quão importante é para vocês esse contato virtual com os fãs?

Cristina Scabbia: Bem, nós estamos sempre em contato com nossos fãs. E é realmente importante porque, mesmo sabendo que nós compomos para nós mesmos, e não para outras pessoas, é sempre legal ver e ler o feedback, ver como eles reagiram à nossa música, ver os comentários que eles fizeram sobre as apresentações ao vivo, existe muita interação com o público, você verá hoje à noite. Então é definitivamente muito importante, porque nós gostamos. Nós sabemos e reconhecemos que sem os fãs não seríamos nada! Algumas vezes alguns artistas tem a tendência de esquecer que se não fosse pelos fãs, uma banda seria, basicamente, tocar em uma sala de estar na própria casa. E eles não conseguiriam fazer essa paixão funcionar. Então estamos sempre gratos a todos os nossos fãs em nossa comunidade.

Andrea Ferro:  Também é importante para nós aprender a usar as mídias sociais de maneira construtiva. Nós temos tantas possibilidades com as mídias sociais, para entrar em contato com todo mundo mas muitos costumam apenas odiar ou fazer coisas estúpidas. Então é importante para nós acharmos uma maneira correta de usar, porque é muito poderoso. E tem muitas informações que nós não conhecemos ainda para explorar todas as possibilidades que existem. Então é importante que a gente tente construir alguma coisa com isso que seja positivo, e não apenas estúpido.

Heavy Talk: Já são quase 10 anos desde o DVD ao vivo do Lacuna Coil.

Cristina Scabbia: Uau! Já…

Heavy Talk: Vocês tem algo como isso planejado, não sei se com uma data, mas algo?

Cristina Scabbia: Nós temos planos. Nós não sabemos se será um DVD ou algo assim, mas estamos planejando alguma coisa especial para o aniversário de 20 anos da banda que virá no máximo ano que vem. Será algo diferente, não apenas o típico…

Andrea Ferro: Nós temos meio que um segredo que não podemos contar ainda, mas envolve coisas diferentes. Pode também ser um DVD, mas é um pacote mais completo que promoveremos para celebrar o aniversário de 20 anos. Existe um trabalho em andamento, mas não é apenas especificamente um DVD.

Heavy Talk: Eu quero falar um pouco de esportes, porque eu sei que Andrea gosta de futebol, e torce pelo Milan. Cristina, você gosta de futebol também?

Cristina Scabbia: Eu não sou tão fanática quanto ele. Na minha família sempre fomos torcedores do AC Milan, desde sempre. Então definitivamente eu torço pelo Milan, mas não sigo tudo…

Heavy Talk: Como estão suas expectativas agora que a geração campeã do Milan está se aposentando e há essa nova fase? E gostaria de saber se vocês acompanham o futebol brasileiro.

Andrea Ferro: Um pouco, porque eu vejo muitos programas sobre futebol, então eles estão sempre falando o futebol brasileiro, os novos campeões, os novos jogadores. Mas eu acho que o AC Milan está passando por uma fase de mudanças, pois eles acabaram de vender, ou ainda estão vendendo, o time para uma empresa financeira chinesa. Porque o futebol na Europa está mudando muito financeiramente. Se você quer ser competitivo, como Milan costumava ser, você precisa gastar muito dinheiro hoje em dia. Não é o mesmo negócio de pegar alguém da categoria de base… Apesar de termos bons jogadores que vieram de lá, mas você não consegue ganhar apenas com isso. Você precisa disso e mais a combinação de todo um pacote financeiro. Então veremos no próximo ano como essa nova propriedade se sairá, o que eles farão pelo time. Tenho esperanças de que será bom. Mas o futebol está mudando muito agora. Costumava ser sobre um amor onde cada um sentia prazer em defender aquilo por si próprio e hoje é muito mais voltado para os negócios, focado totalmente em negócios. Eu também acho que eles pegam jogadores brasileiros muito cedo. Como Inter de Milão pegou o Gabigol e ele não está se saindo ótimo… Ele está indo razoavelmente, mas não ótimo, porque ele é jovem! E ele enfrenta jogadores experientes em competições, como jogadores da Argentina, pessoas que já são muito fortes e que jogam na Itália há anos. Então às vezes eles pegam muito cedo. Alguns campeões como Pato são desperdiçados. Porque não deram tempo de desenvolver da maneira correta. Eles deveriam, talvez, deixar mais tempo no Brasil e depois trazer para a Europa.

Heavy Talk: A última pergunta, para ambos. Qual é a sua música favorita de vocês do Delirium e por que?

Cristina Scabbia: É difícil porque eu estou apaixonada por todas as músicas do disco. Pelo meno me dê a chance de escolher algumas, porque apenas uma é impossível. Eu realmente amo “Blood, Tears, Dust“. Apenas por causa da música por si só. É muito poderosa, muito enérgica, cada vez que eu escuto me dá uma dose especial extra de energia. Eu também amo “Downfall“, porque representa um momento muito importante da minha vida que, basicamente, inspirou a letra. É uma coisa particular que eu não quero falar a respeito, mas que foi muito difícil pra mim. E, sei lá, eu gosto de todas as músicas… Não tenho uma favorita… “House of Shame” também, porque todo mundo ficou muito surpreso quando nós lançamos. Muitas pessoas questionaram se sequer era Lacuna Coil, dizendo “uau, é muito diferente”. Eu gosto do fato de ter dado essa sensação esquisita de “eles voltaram e estão com força total”. Eu amo essa música.

Andrea Ferro: Como ela disse, é difícil escolher uma. Uma além das que ela mencionou, eu acho que “Take me Home” é uma boa música, porque é um pouco diferente, um pouco mais melódica. A letra é mais ou menos como uma viagem em um trem, que na verdade é uma viagem mental no sentido verdadeiro da música. Então eu me apeguei a essa música por questões pessoais. Mas é como ela disse, cada canção é diferente uma da outra. Até as faixas bônus são legais, então eu gosto de todo o contexto.

 

Formado em jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) desde 2014, iniciou a jornada nesse meio colaborando em diversos sites especializados em rock e heavy metal ainda em 2007. Fundador do Heavy Talk.

 
Categoria: Entrevistas · News · Resenhas
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