Sonata Arctica: The Ninth Hour
Postado em 30 de março de 2017 @ 21:22 | 2.489 views


Capa do disco Ninth Hour, da banda finlandesa Sonata ArcticaDe todas as bandas de power metal mundial, o Sonata Arctica é com certeza o grupo que mais produz material inédito, além de seguir a rara média de um disco a cada dois anos. Bom, nem sempre significa qualidade, ainda mais em um mercado saturado como é o caso do metal melódico/power. Com o sugestivo título de The Ninth Hour, o nono disco de estúdio do Sonata tem uma sonoridade bem cadenciada, e um contexto que cada vez assusta mais nos dias atuais: a tecnologia inserida na natureza.

Temas como esse tem sido cada vez mais recorrentes, seja no próprio metal melódico, como Stratovarius vem tratando nos últimos discos pós-Tolkki, ou até mesmo em grupos consagrados do thrash, como é o caso do Sepultura e seu último lançamento, Machine Messiah.

A primeira faixa é uma amostra do quão cadenciado o Sonata Arctica ficou após flertar com o prog nos últimos anos. “Closer To An Animal” tem um feeling de exploração, além de um groove bem elaborado pelo baixista Pasi Kauppinen.

Life” tem muito do que algumas bandas da Finlândia vêm fazendo com maestria nos últimos anos: faixas que mostrem o lado belo da vida. Foi assim com “Élan”, do Nightwish. Aliás, essa faixa possui um belo videoclipe, dirigido por Ville Juurikkala, o mesmo cara que fotografou a capa do disco.

A faixa seguinte nos faz ter lampejos do power que consagrou o Sonata Arctica no começo dos anos 2000, “Fairytale” tem sua bateria bem acentuada e conduzida por Tommy Portimo, mas quem rouba a cena é o vocal de Tony Kakko.

We Are What We Are” em uma primeira ouvida, nada mais é do que uma canção dos compatriotas do Nightwish, e o principal motivo é por causa do multi-instrumentista e membro do citado grupo, Troy Donockley. Apesar de bela, a faixa parece repetir um pouco do brilho que “Life” trouxe. Nesse tipo de balada seria interessante ver um pouco do lado grave do Tony Kakko, pois parece que ele insiste em dar mais dramaticidade do que a canção pede.

Til Death’s Done Us Apart” começa de uma maneira assustadora e insana! Gritos, recitações e velocidade. Se você é fã do timbre de teclado clássico do metal melódico, eis uma faixa que você vai adorar, graças ao trabalho do hilário Henrik Klingenberg. Passagens bem inspiradas e com um belo trabalho da cozinha marcam o disco até aqui.

O clima de natureza é muito, muito forte durante toda a audição do disco. “Among The Shooting Stars” é um belo exemplo de imersão em uma floresta (repleta de lobos). Apesar de ser a canção mais curta do disco, possui um belo arranjo de vozes.

Por mais que muitos ainda queiram falar que o metal melódico morreu, e de fato uma parcela grande das bandas não souberam se reinventar, “Rise A Night” mostra que de vez em quando, é bom ter um pouco de esperança que as canções de dragões traziam, só que dessa vez sem os dragões.

Coros de vozes, bumbo duplo, guitarras rápidas e uma letra interessante. “Fly, Navigate, Communicate” possui todos esses atributos, apesar de tentar cadenciar um pouco além do necessário.

Candle Lawns” tem aquela vibe de final de ano, de objetivo completo, de fim da viagem dos sonhos, de abraçar quem amamos. Não posso negar, Tony Kakko estava inspirado no quesito das letras. Todas soam bem uniformes com a proposta do disco, mostrando que apesar de toda a tecnologia e do bem que ela faz, nosso coração ainda é muito maior que tudo.

Se antes estávamos na floresta, agora é a vez de nos molharmos no oceano. “White Pearl, Black Oceans, Pt. II – By The Grace Of The Ocean” nada mais é do que a continuação da primeira parte, presente em Reckoning Hour, de 2004.

O encerramento fica por conta da faixa “On The Faultline (Closure To An Animal)”, e dessa vez mostra Kakko usando um pouco do seu timbre grave, trazendo um bom desfecho para o lado humano do disco.

Se você espera por um disco com passagens clássicas de power metal melódico, saiba que o Sonata nunca foi de manter-se fiel aos padrões, sempre inovando na medida do possível. The Ninth Hour é um disco bom, mas longe de ser um clássico ou algo imprescindível para ouvir.

O fato é que a banda ainda mantém seu carisma e prestígio no topo do mainstream do metal. Uma fiel base de fãs, gravadora gigante e com o sempre boa praça Tony Kakko liderando e encantando plateias ao redor do mundo, como é o caso da tour da América Latina que logo desembarcará por aqui. Caso ainda não tenha ouvido The Ninth Hour, saiba que muitas das canções desse disco estarão presentes nos shows aqui do Brasil, então decore pelo menos a letra de “Life”, que deve render uma linda cena no meio do show.

Aspirante a jornalista, além de ser designer e escritor. Trabalha como roteirista/apresentador no Heavy Talk e como administrador/editor no HIM Brasil. Grande pesquisador do metal nacional e principalmente do metal finlandês. Força Sempre!

 
Categoria: News · Resenhas




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